Resumo
Nomes comerciais
Apresentações
- Solução oral: 250 mg/5 mL
- Comprimidos: 250 mg, 400 mg
- Solução injetável: 500 mg/100 mL (5 mg/mL)
- Administração: oral ou intravenosa
Dose por Idade/faixa etária
Neonatos (neofax) :
Infecções anaeróbias – IV ou VO
- 24 a 25 semanas IG:
- Ataque: 15 mg/kg
- Manutenção: 7,5 mg/kg a cada 24h
- 26 a 27 semanas IG:
- Ataque: 15 mg/kg
- Manutenção: 10 mg/kg a cada 24h
- 28 a 33 semanas IG:
- Ataque: 15 mg/kg
- Manutenção: 7,5 mg/kg a cada 12h
- 34 a 40 semanas IG:
- Ataque: 15 mg/kg
- Manutenção: 7,5 mg/kg a cada 8h
- >40 semanas IG:
- Ataque: 15 mg/kg
- Manutenção: 7,5 mg/kg a cada 6h
- Profilaxia cirúrgica (neonatos):
- <1,2 kg: 7,5 mg/kg IV dose única 60 min antes da incisão
- ≥1,2 kg: 15 mg/kg IV dose única 60 min antes da incisão
- Se necessário, redosar após 2 meias-vidas ou sangramento excessivo
- Pós-operatório: <24h de duração, mesmo na presença de cateteres ou drenos
Pediatria geral:
- Infecções anaeróbias sistêmicas
- 20–30 mg/kg/dia IV ou VO divididos a cada 6 a 8h
- Máximo: 1,5 g/dia
- Giardíase intestinal
- 15 mg/kg/dia VO divididos a cada 8h por 5 a 7 dias
- Dose máxima diária: 750 mg
- Amebíase intestinal
- 35–50 mg/kg/dia VO divididos a cada 8h por 7 a 10 dias
- Máximo: 2 g/dia (casos graves)
- Profilaxia cirúrgica (cirurgias colorretais)
- 15 mg/kg VO ou IV 60 min antes da incisão
- Redose se necessário conforme tempo cirúrgico
- Meningite por anaeróbios (off-label)
- 30–40 mg/kg/dia IV divididos a cada 6h
- Considerar dose única de ataque de 15 mg/kg
Via de administração
Oral (VO)
Intravenosa (IV – infusão lenta)
Retal (uso off-label em alguns protocolos)
Intravenosa (IV – infusão lenta)
Retal (uso off-label em alguns protocolos)
Esquema posológico
Solução oral 250 mg/5 mL:
Concentração: 50 mg/mL
- 7,5 mg/kg/dose = 0,15 mL/kg
- 15 mg/kg/dose = 0,3 mL/kg
- 20 mg/kg/dose = 0,4 mL/kg
- 30 mg/kg/dose = 0,6 mL/kg
- 35 mg/kg/dose = 0,7 mL/kg
- 50 mg/kg/dose = 1 mL/kg
Solução injetável 500 mg/100 mL (5 mg/mL):
- Infusão lenta por 30 a 60 minutos
- Pode ser diluído em SG 5%, SG 10% ou SF 0,9%
Comprimidos 250 mg ou 400 mg:
- Utilizados preferencialmente em crianças com peso ≥30 kg
- Doses ajustadas conforme patologia, geralmente entre 250–500 mg a cada 8h
Farmacologia
Classe Terapêutica
Antibiótico nitroimidazólico com ação antibacteriana e antiparasitária
Mecanismo de Ação
Atua em ambiente anaeróbico intracelular, sendo reduzido por proteínas transportadoras de elétrons (ex: ferredoxina), o que gera radicais livres nitro que se ligam ao DNA bacteriano, levando à sua clivagem e inibição da síntese. A ação é bactericida e concentração-dependente, com efeito pós-antibiótico ≥3h (neofax)
Farmacocinética
- Absorção: biodisponibilidade oral alta (≈100%)
- Volume de distribuição: 0,71 L/kg em neonatos (IG média 27 sem), com boa penetração em LCR (concentração similar à plasmática)
- Ligação proteica: <20%
- Metabolismo hepático: metabolismo hepático ativo; recém-nascidos têm depuração reduzida
- Meia-vida (neonatal):
- IG <26 semanas: ~20,5 h
- IG 26–29 semanas: ~18,6 h
- IG 30–32 semanas: ~16,7 h
- Termo: 8–12 h
- Clearance (neonatal): 0,024–0,029 L/h/kg, proporcional à idade gestacional e pós-natal (neofax)
Interações medicamentosas
- Álcool: risco de reação do tipo dissulfiram, com náusea, vômito, cólica abdominal, taquicardia e rubor facial; evitar álcool durante e até 3 dias após o uso
- Disulfiram: uso concomitante contraindicado (risco de efeitos psicóticos)
- Varfarina: aumento do efeito anticoagulante (elevação de INR)
- Fenitoína, fenobarbital: podem aumentar a depuração do metronidazol
- Lítio: risco de toxicidade aumentada
- Cimetidina: pode inibir o metabolismo hepático do metronidazol, aumentando seu efeito
- Incompatível com álcool, propilenoglicol, e com algumas medicações IV (ex: aztreonam, meropenem)
Tipo de Receituário
Receita branca comum Disponível nas formas VO, IV e tópica; uso hospitalar preferencial para via IV
Referências bibliográficas
- Fonseca VM et al. Blackbook Pediatria – 5ª ed., 2019
- Young TE, Mangum B. Neofax – 36ª ed., 2024
- Taketomo CK, Hodding JH, Kraus DM. Lexicomp Pediatric & Neonatal Dosage Handbook. 30th ed. Wolters Kluwer Health; 2024
- UpToDate® – tópico: “Metronidazole in pediatric anaerobic infections” (acesso em abr/2025)
- Consulta à bula do medicamento via Anvisa
Cuidados e ajustes
Contraindicações
- Hipersensibilidade ao metronidazol ou a outros derivados nitroimidazólicos.
- Uso concomitante com disulfiram (nas últimas 2 semanas) devido ao risco de reações psicóticas.
- Consumo de álcool ou produtos com propilenoglicol durante o tratamento e até 3 dias após a última dose (risco de reação tipo dissulfiram).
- Síndrome de Cockayne (relato de hepatotoxicidade grave e fatal) – monitoramento hepático rigoroso obrigatório nesses pacientes (neofax)
Efeitos adversos
- Gastrointestinais: náuseas, dor abdominal, gosto metálico, anorexia, diarreia, vômitos, constipação
- Neurológicos: neuropatia periférica, encefalopatia, convulsões, ataxia, disartria, nistagmo, meningite asséptica, toxicidade cerebelar
- Hematológicos: leucopenia, neutropenia, agranulocitose (risco aumentado em uso prolongado)
- Imunológicos: risco de candidíase e superinfecções fúngicas
- Oftálmicos: neuropatia óptica (raro)
- Laboratoriais: interferência com valores de AST, ALT, LDH, glicose e triglicerídeos
Ajustes
Renal
- Não há necessidade de ajuste de dose em disfunção renal leve ou moderada.
- Em insuficiência renal grave (clearance <10 mL/min), pode haver acúmulo do metabólito inativo, mas sem impacto clínico significativo.
- Monitorar efeitos adversos neurológicos em pacientes com função renal reduzida, especialmente se uso prolongado (neofax) .
- Em pacientes em diálise peritoneal ou hemodiálise, considerar redosagem após sessão (eliminação parcial do fármaco).
Hepática
- O metabolismo do metronidazol é predominantemente hepático.
- Em casos de insuficiência hepática grave (Child-Pugh C), a dose deve ser reduzida em 50%.
- Monitorar transaminases e sinais de toxicidade hepática.
- Pacientes com encefalopatia hepática podem apresentar depuração ainda mais reduzida, com necessidade de ajustes adicionais individualizados .
Uso na gravidez
- Categoria B (FDA).
- Considerado seguro no segundo e terceiro trimestres.
- No primeiro trimestre, o uso deve ser criterioso e apenas quando os benefícios superarem os riscos.
Uso na lactação
- Excretado em pequenas quantidades no leite materno.
- Considerado compatível pela maioria das diretrizes, mas recomenda-se cautela em uso prolongado.
- Se houver necessidade de altas doses ou uso por mais de 7 dias, considerar pausa temporária no aleitamento.
Precauções Especiais
- Evitar uso com álcool (efeito dissulfiram).
- Em pacientes com dieta hipossódica, considerar o teor de sódio da formulação IV.
- Evitar uso prolongado (>10 dias) sem reavaliação clínica.
- Evitar administração em equipamentos com alumínio (agulhas, equipos), pois pode haver reação com a solução.
- Compatível com SF 0,9% e SG 5%.
- Incompatível com: meropenem, aztreonam, bicarbonato de sódio.
- Administrar por infusão lenta (30 a 60 minutos), com concentração final máxima de 5–8 mg/mL