Resumo
Nomes comerciais
Cipro®, Cipro XR®, Ciproinjet®, Ciprovet®, Ciprocin®
Apresentações
- Solução oral: 250 mg/5 mL
- Comprimidos: 250 mg, 500 mg, 750 mg
- Solução injetável: 2 mg/mL (100 mL = 200 mg)
Dose por Idade/faixa etária
Neonatos (neofax):
- Não indicado rotineiramente devido ao risco de artropatia e segurança não estabelecida
- Pode ser considerado em infecções graves por Pseudomonas aeruginosa ou Salmonella multirresistentes
- Doses sugeridas (off-label): 10–15 mg/kg/dose IV a cada 12h (ajustar conforme IG e função renal)
- Infecções graves por Gram-negativos (ex: ITU complicada, osteomielite, sepse):
- 20–30 mg/kg/dia divididos a cada 12h
- Máximo: 1,5 g/dia (500 mg/dose VO ou 400 mg/dose IV)
- Pneumonia por Pseudomonas:
- 30 mg/kg/dia divididos a cada 8–12h por 10–14 dias
- Antraz (profilaxia pós-exposição):
- 10–15 mg/kg/dose IV ou VO a cada 12h por 60 dias
- Máximo: 500 mg por dose
Via de administração
Via oral (suspensão ou comprimido)
Via intravenosa (infusão lenta 30–60 min)
Via intravenosa (infusão lenta 30–60 min)
Esquema posológico
Solução oral 250 mg/5 mL
- Concentração: 50 mg/mL
- 10 mg/kg/dose = 0,2 mL/kg
- 15 mg/kg/dose = 0,3 mL/kg
Solução injetável 2 mg/mL
- Infundir em 30–60 minutos
- Compatível com SG 5% e SG 10%
Farmacologia
Classe Terapêutica
Antibiótico bactericida – fluoroquinolona de segunda geração
Mecanismo de Ação
Inibe a DNA girase (topoisomerase II) e a topoisomerase IV bacterianas, essenciais para a replicação, transcrição e reparo do DNA. O bloqueio dessas enzimas leva à ruptura da cadeia de DNA e morte celular bacteriana. Atua de forma concentração-dependente, com efeito pós-antibiótico prolongado.
Farmacocinética
- Volume de distribuição: 1,7–2,7 L/kg em crianças
- Meia-vida: 4 a 5 horas (pode ser prolongada em neonatos e pacientes com disfunção renal)
- Ligação proteica: 20 a 40%
- Metabolismo hepático parcial, com 40 a 50% excretado inalterado pela urina
- Penetração no LCR: limitada, mas pode ser eficaz em meninges inflamadas
- Absorção oral: 70%, reduzida com alimentos ou produtos contendo cálcio, ferro, magnésio ou zinco
Interações medicamentosas
- Redução significativa da absorção oral com antiácidos, sucralfato, ferro, zinco e alimentos ricos em cálcio
- Potencialização da toxicidade do metotrexato
- Aumento do risco de arritmias com drogas que prolongam o intervalo QT (ex: amiodarona, sotalol, macrolídeos)
- Elevação de níveis séricos de ciclosporina, teofilina e cafeína
- Evitar uso concomitante com corticosteroides devido ao risco aumentado de tendinite e ruptura de tendão
- Potencial aumento do risco de convulsões em pacientes epilépticos ou em uso de AINEs
Tipo de Receituário
Receita branca comum Uso restrito a prescrição médica em ambiente hospitalar ou ambulatorial com justificativa documentada, especialmente em pediatria
Referências bibliográficas
- Fonseca VM et al. Blackbook Pediatria – 5ª ed., 2019
- Young TE, Mangum B. Neofax – 36ª ed., 2024
- Taketomo CK, Hodding JH, Kraus DM. Lexicomp Pediatric & Neonatal Dosage Handbook. 30th ed. Wolters Kluwer Health; 2024
- UpToDate® – tópico: “Ciprofloxacin in pediatric infections” (acesso em abr/2025)
- Consulta à bula do medicamento via Anvisa
Cuidados e ajustes
Contraindicações
- Contraindicado em pacientes com hipersensibilidade a ciprofloxacino ou outras quinolonas.
- Evitar uso em pacientes com histórico de tendinite ou ruptura tendínea associada a fluoroquinolonas.
- Contraindicado em neonatos, exceto em situações graves e justificadas por multirresistência.
- Evitar uso concomitante com tizanidina (risco de toxicidade grave)
Efeitos adversos
- Cutâneos: rash, prurido, fotossensibilidade, síndrome de Stevens-Johnson (raro)
- Gastrointestinais: náuseas, vômitos, dor abdominal, diarreia, colite associada a C. difficile
- Hematológicos: leucopenia, eosinofilia, trombocitopenia, alterações no tempo de protrombina
- Neurológicos: cefaleia, vertigem, insônia, confusão, convulsões, neuropatia periférica
- Musculoesqueléticos: tendinite e ruptura tendínea, especialmente no tendão de Aquiles, mialgias
- Hepáticos: elevações de transaminases, hepatite colestática, icterícia (raros casos de hepatite grave)
- Cardíacos: prolongamento do intervalo QT, arritmias ventriculares, torsades de pointes.
Ajustes
Renal
Em pacientes com disfunção renal, é necessário ajustar a dose conforme o clearance de creatinina.
Pediatria geral:
- ClCr 30–50 mL/min: administrar 50% da dose usual a cada 12h
- ClCr <30 mL/min: administrar 50% da dose a cada 18–24h
- Em diálise: dose de ataque seguida de redose após cada sessão
Neonatos: uso excepcional; monitorar função renal e considerar prolongamento do intervalo
Hepática
- Não há necessidade de ajuste em hepatopatias isoladas.
- Monitorar transaminases e função hepática em tratamentos prolongados ou em pacientes com risco de hepatotoxicidade.
Uso na gravidez
- Categoria C (FDA).
- Evitar uso durante a gravidez, exceto em situações graves sem alternativa segura.
- Estudos em animais mostraram toxicidade articular e retardo de crescimento ósseo.
Uso na lactação
- Excretado no leite materno em pequenas quantidades.
- Evitar uso durante a amamentação, especialmente em tratamentos prolongados, devido ao risco teórico de toxicidade articular.
Precauções Especiais
- Evitar exposição solar durante o tratamento (risco de fototoxicidade).
- Evitar uso concomitante com antiarrítmicos Classe IA ou III e medicamentos que prolongam o intervalo QT.
- A infusão IV deve durar de 30 a 60 minutos.
- Não administrar em Y com soluções alcalinas (ex: bicarbonato de sódio); compatível com SG 5% e SF 0,9%.
- Evitar uso com antiácidos ou suplementos contendo cálcio, magnésio, ferro ou zinco nas 2 horas antes e após administração oral.
- Avaliar risco/benefício em pacientes com epilepsia, distúrbios neurológicos prévios ou uso de AINEs, devido ao risco de convulsões